terça-feira, 20 de outubro de 2009

Não existe motivação para a poesia.

[quadro de René Magritte]

Não existe motivação para a poesia.
Ao menos a minha, é opaca.
Influenciada pela embriaguez da lua.
Ou a chegada da madrugada.

Por quê, ora ou outra, mastigado
Por uma débil alegria
Estou a catar os copos
Do último festim, feito sangria.

E esse balão morno, invólucro
De ventania
Come o vesgo óbolo
Para reinar no vicio, na putaria;
Festejar um escândalo nascente
Do poeta e seu Deus um simulacro.

Não, só o que bebo, e recaio,
Como um trovão, apartado da luz,
Como um beijo de fim, sem laço,
Não escrevi com sangue, disfarço,
A cantilena do que sou.

Fiquem com as ruas, calçadas, postes;
Com tudo o que quiserem
Motivação é merda, estro é desdém
Poesia é mentira.

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