domingo, 28 de setembro de 2014

Ela (sobre a tua estrela)



Ela permaneceu a cantar
[mesmo que a chuva tivesse tangenciado toda a alegria e a tivesse feito querer desistir]

Ela permaneceu estendendo seus mantos
inundando de pétalas e crisântemos o caminho
sorrindo com os relâmpagos e expulsando um abismo
ancorados no meu peito como um cancro.

No meu peito, na minha brisa
Espaço de instalações velhas e carcomidas
Onde eu havia esquecido de mim mesmo.

Mas é tarde, irradia o dia
cansado de pesar e inundado do cheiro das estrelas
Ela olha nos meus olhos sem dizer : não temas
com os gestos inundando o ar
e com um abraço
despejou fora todas as âncoras e ferrugens atadas em mim.
[eu, poeta, homem feito, profeta do sonho, iluminado de símbolos]

Ela, com seus gestos largos e cabelos vermelhos
não pôde ver a singeleza de ter tirado a trave dos meus olhos
Ela, com suas mãos, não pode sentir
A locomotiva que eram minhas emoções e memórias
que estavam todas coaguladas em sua presença.
Com seus olhos, não pode ver a minha redobrada atenção
ao que seus lábios diziam
E com sua imaginação, idealizar o quão bem eu devo ter me sentido
ao caminhar atado a sua mão em alguns instantes.

No fim de tudo
Ela permaneceu a cantar
[mesmo que o que guardamos um do outro ameaçasse o esquecimento]

Eu, após a tempestade, e com fagulhas e cacos de vidros na alma
permiti-me calmamente
ser abraçado por tua leve estrela Morgânia.











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