Ela permaneceu a
cantar
[mesmo que a chuva
tivesse tangenciado toda a alegria e a tivesse feito querer desistir]
Ela permaneceu
estendendo seus mantos
inundando de pétalas
e crisântemos o caminho
sorrindo com os
relâmpagos e expulsando um abismo
ancorados no meu
peito como um cancro.
No meu peito, na
minha brisa
Espaço de
instalações velhas e carcomidas
Onde eu havia
esquecido de mim mesmo.
Mas é tarde,
irradia o dia
cansado de pesar e
inundado do cheiro das estrelas
Ela olha nos meus
olhos sem dizer : não temas
com os gestos
inundando o ar
e com um abraço
despejou fora todas
as âncoras e ferrugens atadas em mim.
[eu, poeta, homem
feito, profeta do sonho, iluminado de símbolos]
Ela, com seus gestos
largos e cabelos vermelhos
não pôde ver a
singeleza de ter tirado a trave dos meus olhos
Ela, com suas mãos,
não pode sentir
A locomotiva que
eram minhas emoções e memórias
que estavam todas
coaguladas em sua presença.
Com seus olhos, não
pode ver a minha redobrada atenção
ao que seus lábios
diziam
E com sua
imaginação, idealizar o quão bem eu devo ter me sentido
ao caminhar atado a
sua mão em alguns instantes.
No fim de tudo
Ela permaneceu a
cantar
[mesmo que o que
guardamos um do outro ameaçasse o esquecimento]
Eu, após a
tempestade, e com fagulhas e cacos de vidros na alma
permiti-me
calmamente
ser abraçado por
tua leve estrela Morgânia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário