sábado, 21 de março de 2015

Demasiado doloroso para se estar entregue


Deixo cair do meu coração
bolas de arame entaladas como gigantescos redemoinhos
E velhas imagens e dolorosos pesares
emergem da chuva, do cheiro fresco, da solidão 
da madrugada.

Deixo cair do meu coração
Todo todo o controle, toda a fina conjectura
E me regozijo com o "não eu"
Em detestar estar imerso em uma orbe irracional
de desejos retesados, de poluições
imaginando um bem estar para enigmas indecifráveis
mensagens cercadas de time outs
e beijos que expiram
E a meninice em ter entregue ao desleixo a chave do meu peito
para que tu vida! me ferisse.

Mas algumas lembranças do mar
das pedras do litoral
E esse coração
Eleva-se perante a dor com os joelhos incendiados
E vendo na incoerência do existir
somente os cheiros, os abraços
que posso dar em mim mesmo
quando eu estiver solitariamente apartado
andando sobre as linhas do agora
do meu tudo.





sábado, 7 de março de 2015

Não me lembro de uma vez que devo ter tocado teu rosto com meus lábios.


Discos, canções e poemas velhos
não me lembro de uma vez que devo ter tocado teu rosto
com meus lábios.

A casa, o cachorro, a melodia menor
o timbre cálido, a vela, a chuva, a tempestade
chove no nordeste e essa solidão me faz corar
lilás

O rádio na madrugada, eu sempre esperava
Life House e Go Go Dolls.
Escrevendo versos, fumando cigarros, olhando
as aranhas nas plantas, sabendo que chegaria
atrasado no colégio
meu velho caderno
meu velho coração ambulante.

cheiro de corda quebrada
cancioneiros rasgados, aquelas palavras
entrecortadas, aqueles diálogos de horas
aqueles engasgos de chumbo
quando eu te encontrava
quando eu estava ao teu lado...
não me lembro de uma vez que devo ter tocado teu rosto
com meus lábios.