domingo, 5 de outubro de 2014

Do Verdadeiro Perdão





Estrela que me conduz, estranho ser...
fatigado de desejos e buscas cíclicas
Reflito sobre toda partícula de minha vida
E visito cada segundo e todo sofrimento.

Já homem, ninguém havia me dito
que a ausência de sofrer provinha da compaixão
com o próprio sofrer.
Que todo anseio e desejos coagulavam cinzas em mim.

Envolto de vozes e pesadelos de terríveis bestas
Eu não conseguia deduzir o princípio daquela tristeza
E com um estalar de dedos, entendi tudo sobre o acaso.

O entendimento do que era dor trouxe-me certezas
Mas me encontro cheio de marcas, e vê-las

Debruço-me sem conjecturas e perdoo todo o meu passado.

sábado, 4 de outubro de 2014

Amor I


 
Ando tão esquecido em lidar contigo, coração
que escondo as chaves, minto descaradamente
escondo as fotos deste amor debaixo do tapete
e ando triste e feliz em lágrima e cartas noturnas.

Causa-me espanto, esta pétala de insegurança
adolescente de novo, nem isso, talvez uma criança
a brincar demais com um brinquedo inapropriado.

Mas nada é, nem importa, por que tudo é inferno
[Este inferno abissal que são minhas ideias rubras]
Em não admitir esta inabilidade amordaçada ao peito.

Dói, este desejo insistente e cortante
Por que amo este teu olhar e não saberia ao certo
O tamanho da morte de existir se te perdesse ou te ferisse.

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

O Barco


Navego em um barco abarrotado de caixas e ecos
beijo serenamente a lona e me afogo
acordando de um pesadelo que tiveram por mim

sem fantasias, sem glória, sem atingir uma centelha,
minha casa é esta solitude
comendo os espelhos que me olhei em momentos de fúria.
Mas hoje, as cinzas amarrotadas daquele sonho
só me parecem perdidas e despropositais.

Embora, chegue esta hora, toda a música,
toda a cor deste pêndulo que é viver
impulsionam-me na direção deste desejo inominado
se é mera vontade, se é impulso irrefletido não sei
continuarei
A velejar neste barco abarrotado de queixumes e enfados.