terça-feira, 20 de outubro de 2009

Luzes no vagão solitário


[quadro de Hans Hartung]

Luzes no vagão solitário
Dor da noite, parto de lágrimas...
Minha comoção é um couro sidério
E minha pele um céu sem estrelas ou dias.

E para aonde vou, estrada de nostalgia,
Beijo amargo que alberguei, cinamomo frouxo
Crisântemo orvalhado de ceramias
Asco e cripta no cheiro plúmeo e fosco.

Tenho cartas cinzas, livros de código,
Passagens só de ida.

Adorno fantasma no meu caderno fechado
Dos poemas que me enojei
Dos versos que não suporto
Ao soco de urzes
Nos meus arquipélagos de misantropia.

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