terça-feira, 20 de junho de 2017

águas pesadas


águas pesadas de desvelo rolaram sobre esses segundos e meses.
já há quase um ano não te escrevo
nem vejo teus olhos.
e sobre esse poente absorto e o cheiro de pólvora de junho
revisito novamente a tua casa.

parece que há 10 anos ando em círculos e nem sei quem sou
só ando movido pelos anseios e vastas solidões e bengalas ridículas
mas parece que chegou o dia
em que me despeço de ti.

depois de longos pesadelos e dores intermináveis
essas águas soturnas de desesperança se dispersam
e a tudo dou os braços de sorriso e calmamente te revejo
mesmo que hoje o dia em que o coitado do caretão morreu

nunca tive tanta paz.
nunca tive tanta esperança
só agora sobre o agora
permaneço como uma rocha.

domingo, 31 de julho de 2016

Anseio para os coqueiros


sobre a vento e a quentura da chegada de agosto
de Teresina de cinzas e ferro
neste quarto
junto minha bagagem, para ir ver o mar.

sábado, 25 de junho de 2016

Lutando contra a corrente.





Engrenagens emperradas
partem meus joelhos
tombados de parambular
em busca da felicidade.
Forçar como um remo contra a corrente
sentir o peso e as águas fortes
duramente a infligir golpes
Sobre um amor descontente.

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Indicadores


Queria ter dentes como os teus
dentes que trituram meus versos
e desmoralizam os mais feios subterfúgios
E de que adianta?
fingir pesados desvelos e sonoros nãos
quando gostas de ver refletido nos meus olhos
o sorrido dos teus olhos que dizem: por que não?







sábado, 13 de fevereiro de 2016

Montando em um meteorito




Não se importar com a boca de toda a gente
É um exercício audaz sobre profunda imersão
Eu definitivamente aprendi a andar sobre este meteorito
Entre a alma e os jogos internos
Eu me encontro e me concentro sobre as nuances
deste prazeroso silencio profundo.

terça-feira, 30 de junho de 2015

Disforme

atado a garganta
esse estrangeiro inadequador
que é o teu eu referenciado em mim
é o xarope de cacos que tomo
todas as manhãs

ostento com tua voz
minha coroa de ressentimentos
minha casa caída e justificada
ostento essa barroada
que é meu eu embebido no teu

embora tudo
amo os grilhões dos teus cabelos
eu não saberia ao certo
se viveria
sem teu vírus
sem minhas correntes
e bolas de ferro
sobre o meu reflexo disforme


sábado, 21 de março de 2015

Demasiado doloroso para se estar entregue


Deixo cair do meu coração
bolas de arame entaladas como gigantescos redemoinhos
E velhas imagens e dolorosos pesares
emergem da chuva, do cheiro fresco, da solidão 
da madrugada.

Deixo cair do meu coração
Todo todo o controle, toda a fina conjectura
E me regozijo com o "não eu"
Em detestar estar imerso em uma orbe irracional
de desejos retesados, de poluições
imaginando um bem estar para enigmas indecifráveis
mensagens cercadas de time outs
e beijos que expiram
E a meninice em ter entregue ao desleixo a chave do meu peito
para que tu vida! me ferisse.

Mas algumas lembranças do mar
das pedras do litoral
E esse coração
Eleva-se perante a dor com os joelhos incendiados
E vendo na incoerência do existir
somente os cheiros, os abraços
que posso dar em mim mesmo
quando eu estiver solitariamente apartado
andando sobre as linhas do agora
do meu tudo.