Caminho
E esta respiração, e estes cabelos
brancos
e este punho, este trabalho de colocar
os sapatos
e fitar o sol, e este sorriso
este grande e sincero sorriso perante
as coisas
Este incômodo de ser e agir conforme
meus pensamentos e sentimentos...
Estou por todos os lados a tatear cada
respiração deste meu caminho.
Nada quero de intensamente supremo ou
ausente
Embora o morno não me apeteça
Embora o teu olhar ainda me estremeça
E eu esteja quase sempre sobre o logro do que poderia ter sido.
Vida que serpenteia em dobres de pesos
colossais
Mesma monotonia, mesma ponte, mesma
saudade
mesma afinidade com o olhar perante as
coisas.
Tantos anos se passaram, poeira de década.
Por que ainda te
quero tanto?
Por que a sensação de estar imerso em ti
torna-me tão sereno e contemplativo
e tão esperto e tão belo e tão mais
forte?
Por que despertas em mim coisas tão
distantes como a poesia,
a paixão, o pensamento, a música, e o
desejo mais profundo
de viajar de olhos fechados em um longo
beijo?
Bem sei eu
Que não é magia, ou
destino, ou os arroubos randômicos de Deus
brincando ao acaso.
Ter a tua presença atemporal, como asa, como viga ou lâmpada.
é ter um vaga-lume no peito que pulsa sutilmente
Sinto que pertenço a ti
Embora controverso e intenso
eu tento, com minha alegre e vaga
sabedoria
viver
com a certeza que imola o tempo
Pois ponho a prova sobre a
clave máxima dos minutos
Todos os meus teoremas e alquimias que nada dizem
Todos meus testes de me perguntar falharam.
Eis firme, permaneces, Eu quero de novo
beijar o teu sorriso...
Nada mais importa, este é o sentido
Não pensar. Sentir.