domingo, 27 de outubro de 2013

Um homem vazio


Enquanto rejeito aquelas pétalas
e costuro velhas lágrimas
eu permaneço com os pés sobre as águas
pescando saudades incertas

Pois posto que é a sobra da incerteza
fito adiante toda beleza
Sobre as sensações e paixões não defloradas.

Mas envolto e sobre as memórias do meu sono
revejo o teu corpo, esta navalha
Um pêndulo sobre as impressões do meu corpo
Um corpo
vazio vivendo nada mais que um
brocado cheio de lâmpadas esquivas
e retalhos.



segunda-feira, 15 de julho de 2013

Peso colossal

Estou cansado
E incessante busco o contágio de tua foto
lanço mão de todos os atributos para vestir a tua túnica...
estou infestado de memórias tuas como uma esquina ou um jardim.

Fico
Comovido e com a saudade
fechando a minha garganta e latejando os pulsos
em cada rosto da rua eu te procuro
como um mendigo
ou um transeunte com uma boca sem sorriso que estertora.

E neste
peso colossal
De viajar carregando um mundo de vazio
Fico a jogar pedras no rio
E a tatear imagens reluzentes de uma além-nada.





sábado, 29 de junho de 2013

Tua foto.


Essa chatice, de coisa, de ver tua foto
ver a tua face, e acomodar todo esse martírio
esse vazamento de mim
Faz-me uma represa colossal de mensagens de solidão.

Vou mandar ir para o letes todas as sensações
E o resultado é um sorriso de ferro
E um sentimento de poça d´ água.

Bâbado em convenções, configurações, protestos e mordaça
Iteração boba da minha alma
que busca viver sonhos falsos.

Em um Estouro de pilha, lágrima e carapaça,
assim que te vejo, range a minha alma
e o peso, a surpresa, do teu nome no peito,
supracitado.

Não recordo, de nada recorro.



Medito
Meio dia
nestes cansaço e vontade de socar a porrada em tudo
Esse fechar de janelas, o desligar do sol,
Esse não sei aonde meus pés desejam ir.
Formiga-me em estalos como os ratos que brincavam no forro do meu quarto.
Não recordo se era real ou sonho.
Não recordo, de nada recorro...

Vivo me enchendo.


Rio grotesco de sol e urzes
a percorrer nos meus poros de deserto.
Vivo contaminando idéias de coisas
Vivo me enchendo de tal forma com as coisas
Que recados dados, pães adormecidos
e descargas envelhecidas
Me embalam num badalar soturno de música.

sexta-feira, 15 de março de 2013

Acaso eu.

As vezes, espanto-me quando estou reclamando das coisas.
Acaso não fora eu que trouxe a pólvora [e me escondi no entardecer para pintar histórias de vitórias e conquistas nas quais eu estivesse imergido?
e por todos os santos e anjos tivesse rogado por uma chance de apunhalar os medos que haviam me perseguido?]...

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Monolítico.


no jardim
vi um pássaro verde e grande.
meu entusiasmo em vê-lo
consumiu-me de súbito e quis
por todo aquele instante
que ele não partice.
tive de dormir forçado
enquanto meu corpo
rugia por descanso
por toda a agonia
de ranger como memória
por ceder como febre
queria recompor
e recriar tudo
como um Deus que fez a si próprio:
E anulado a
medida exata dos meus
cansaços, fastios
e preguiças
queria comer o bolo
e olhar esse pássaro
a tarde toda.


Ideário

Sinto saudade de dias que não tive e de pessoas
Mas o meu cansaço de tê-las por perto me enfada,
Um cansaço de empatia, - O "não ter um assunto incompreendido e amarelo".
Sinto completamente que a ausência de tê-las, me completa,
Pois a conjectura,  a nuance que pintei eu meu ideário ou conjunto de símbolos,
Atingi com abstrações: recordações tão sucintas!
Que prefiro tê-las ao me deparar com o ostracismo do real!
Prefiro tê-las como um móbile, um relicário, uma carta de amor esquecida
Ou um retrato não compartilhado.