terça-feira, 20 de junho de 2017

águas pesadas


águas pesadas de desvelo rolaram sobre esses segundos e meses.
já há quase um ano não te escrevo
nem vejo teus olhos.
e sobre esse poente absorto e o cheiro de pólvora de junho
revisito novamente a tua casa.

parece que há 10 anos ando em círculos e nem sei quem sou
só ando movido pelos anseios e vastas solidões e bengalas ridículas
mas parece que chegou o dia
em que me despeço de ti.

depois de longos pesadelos e dores intermináveis
essas águas soturnas de desesperança se dispersam
e a tudo dou os braços de sorriso e calmamente te revejo
mesmo que hoje o dia em que o coitado do caretão morreu

nunca tive tanta paz.
nunca tive tanta esperança
só agora sobre o agora
permaneço como uma rocha.